segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

“Será um ano de muitas entregas e início de obras”


O ano de 2018 será, sem dúvida, de muito trabalho para o governador Rui Costa (PT). Além de finalizar ações previstas para o mandato, ele enfrentará uma corrida eleitoral dura – que tem grandes chances de ser protagonizada por ele e pelo prefeito ACM Neto (DEM). Mesmo enfrentando a dura crise do país, o petista destaca-se como o gestor que mais cumpriu promessas e honrou compromissos. E ele promete muito mais. “Quando a gente faz um balanço de tudo o que a gente fez, há uma certa perplexidade do novo secretariado e diria até de quem nos visita. Todo mundo que vem nos visitar, de outros lugares do Brasil e do exterior, ficam perguntando como estamos conseguindo. Então, diria que não sinto nenhum tipo de sentimento de frustração, porque todas as obras nós entregamos como planejado”, afirmou em entrevista exclusiva à Tribuna. Para ele, “medidas duras” tomadas no início do mandato contribuíram para o cenário atual. Apesar da antecipação das eleições, Rui, no entanto, prefere não tecer comentários sobre o chefe do executivo de Salvador. “Vocês [da imprensa estão] provocando desde o ano passado para que eu fale de política e eu respondendo 'só ano que vem'. Mesmo na campanha eleitoral passada, minhas gravações foram todas falando de projetos e falando de futuro. Nunca foi de críticas a esse ou aquele prefeito”, assegura. Ainda na entrevista, ele fala sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato e sobre a situação do ex-presidente Lula.
O governador Rui Costa deu entrevista para o diretor de Redação da Tribuna, Paulo Roberto Sampaio, e o editor de Política do jornal, Osvaldo Lyra, na Governadoria.
Tribuna da Bahia - São três anos de gestão à frente do governo da Bahia. Quais os maiores desafios que o senhor enfrenta hoje e o que a Bahia mais precisa, na sua visão?
Rui Costa - O maior desafio ao longo desses três anos foi conduzir um estado com a quarta maior população do Brasil, que carrega décadas de desigualdade, numa profunda crise e recessão econômica acentuada pela violência que se cometeu contra a democracia brasileira. O fato dessa violência quebrou o elemento essencial para a retomada de qualquer atividade econômica, que se chama confiança. Para quem que mesmo não fez economia, mas se deu ao trabalho de ler qualquer livro de introdução ao assunto, vai ver que um dos principais fundamentos para o desenvolvimento econômico de qualquer nação ou país é o pilar da palavra confiança. É preciso que os consumidores tenham confiança e que os investidores tenham também. Se alguém não tiver confiança de que vai ter o seu emprego daqui a seis meses, ele não comprará um carro. Ele vai adiar a decisão de consumo e isso vai retrair ainda mais a economia. A mesma coisa em relação ao investimento, se ele não tiver confiança, vai adiar o investimento para quando a economia melhorar. É isso que nós vivemos ao longo dos últimos três anos: o país estagnado com a brutal recessão e as finanças dos estados brasileiros caindo de forma assustadora, o que levou a um cenário de colapso dos estados. Então, diria que o maior desafio foi enfrentar esse momento que o Brasil passa. É como se o país tivesse 27 embarcações e os comandantes delas quisessem atravessar a tempestade. Diria que a Bahia foi um dos estados que conseguiu atravessar essa tempestade. Graças à Deus, nós temos um desempenho que nos coloca como o governo do Estado que mais cumpriu seus compromissos em relação a 2014. Vale ressaltar que, além de ser o que mais cumpriu, foi o que mais assumiu compromissos. São 115 compromissos, enquanto outros estados registraram 30, 40 ou 50. E nós escrevemos um programa de governo e registramos na Justiça Eleitoral. Isso nos dá orgulho.
Tribuna - Qual é a fórmula, já que não teve dinheiro do governo federal, devido o fim do alinhamento com o PT, somado à crise foi nacional...?
Rui - A fórmula é trabalho. Só para você ter uma ideia, em 2017 nós recebemos a menor [fatia], R$ 250 milhões, do FPE, que é o Fundo de Participação dos Estados. É o recuso que vem da União, repassado aos Estados. Todos os estados tiveram diminuição. Então, a fórmula é trabalhar muito e não ter medo de tomar decisões. Essas decisões nós tomamos desde o primeiro dia de governo, quando reestruturei a máquina administrativa. Reduzi mais de 2 mil cargos comissionados, encerramos empresas, tomamos várias medidas que à princípio pareceriam amargas. Tivemos que adotar várias medidas duras, deixamos de fazer coisas que gostaríamos de fazer, a exemplo de uma valorização maior no conjunto dos servidores, mas fazemos aquilo que as condições financeiras permitem. Graças à Deus, a Bahia é hoje uma referência nacional do ponto de vista da gestão das finanças, do orçamento e da parte administrativa.
Tribuna - Quais as obras estruturantes feitas na gestão que o senhor coloca como destaque e que acredita que vão marcar sua passagem pelo comando da Bahia?
Rui - São muitas obras, de naturezas diferentes. Têm obras importantes, pelo impacto de salvar vidas. Acabei de chegar [de uma inauguração] de obras de encostas. O Governo do Estado, ao longo da história, nunca fez esse volume de encostas. A Prefeitura, décadas atrás, fez algumas encostas e levou muitos anos sem fazer. E o Governo do Estado pela primeira vez faz um volume maciço de investimentos em encostas na capital, em Candeias...
Tribuna - Quantas encostas?
Rui - Ao todo, nós estamos fazendo umas 200 encostas. Então, é um volume expressivo de encostas. É uma obra importante. Mas diria que têm outras obras. Vamos ficar com a marca do governador que regionalizou a saúde pública na Bahia e levou o atendimento de média e alta complexidade para o interior. É o que nós estamos fazendo com as policlínicas e com hospitais novos que nós estamos inaugurando. E eu diria que, na infraestrutura, está definitivamente marcada a obra do metrô - que coloca a Bahia no terceiro lugar de Estado com extensão de metrô no Brasil. E abre a possibilidade de reforçar a Região Metropolitana como a melhor mobilidade do Brasil e, com isso, atrair novos investimentos. Além do metrô, que nós chegaremos há 42 km, nós temos o VLT, com 19 km. Se Deus quiser, em abril, a gente licita a Ponte Salvador-Itaparica. Esse sim é um marco definitivo. Não o marco de uma obra, é um marco de um vetor de desenvolvimento. Algumas pessoas que falam da ponte, falam que é uma ponte que vai levar as pessoas no feriado. Nenhum projeto dessa magnitude se colocaria de pé se o viés fosse viabilizar menos horas de ferry-boat ou menos horas de engarrafamento num feriado prolongado. Isso é uma gota no oceano do que é esse projeto. Na verdade, o projeto se viabiliza e se sustenta a partir da concepção de que a ponta é um vetor de desenvolvimento para a ilha, para o Baixo Sul e para o Recôncavo. Não tenho dúvidas em afirmar que nós teremos uma multiplicação de empregos e negócios do outro lado do oceano a partir dessa integração. O que aconteceu com Niterói, vai acontecer do lado de lá. Nós estamos falando de atividade econômica, de emprego e de qualidade de vida para as pessoas.

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