sábado, 22 de outubro de 2016

Sono tem relação direta com aprendizado e memória


"O sono é fundamental para a vida, em especial para guardar memória e hoje não é muito valorizado. A média ideal são 7 ou 8 horas de sono por dia. Caso contrário, há aumento de mortalidade, riscos cardiovasculares e diminuição do efeito de vacinas. A média do brasileiro é muito baixa. O profissional que dorme mal trabalha mal, e há uma queda de produtividade", defende Fernando Morgadinho, neurologista e especialista do sono e professor de Neurologia da UNIFESP.De acordo com o neurologista, a qualidade do sono está relacionada com a raiz do funcionamento orgânico e tem relação direta com o aprendizado e à capacidade intelectual. Morgadinho reforçou que o sono é responsável pela conservação de energia e da memória. “Quem dorme bem, esquece menos. No momento do sono, o organismo começa a reorganizar seus sistemas para uma nova jornada de atividades. A imunidade é reforçada, células são renovadas e a memória é consolidada”, disse.

“A maioria dos adultos acumula de 5 a 7,5 horas de débito de sono ao longo de uma semana regular de trabalho. A restrição de sono é aditiva, que leva ao aumento da sonolência, que pode afetar o julgamento e o desempenho mental. A piora no desempenho se acumula com restrição crônica de sono”, afirmou o médico.O especialista relatou que a quantidade e a qualidade do sono se modifica com a idade. “O recém-nascido tem mais sono que uma criança maior, podendo dormir até 18h por dia. Após os 3 anos em média, a criança precisa de um bom tempo de sono durante a noite e um cochilo diurno. A partir dos 6 anos de idade, aproximadamente, a criança dorme apenas no período noturno. Já os adolescentes possuem um padrão com tendência de dormir mais tarde e acordar mais tarde. A média de sono da população adulta é de 6 a 9 horas por dia, variando de acordo com a necessidade da pessoa”, explicou o médico, que também pontuou que a criança com dois anos é a que aprende mais.

Outros riscos

Segundo o neurologista, a falta de sono pode gerar uma série de alterações no organismo. Morgadinho afirma que dormir pouco aumenta o risco de doenças porque o sistema imunológico precisa de descanso para responder às ameaças com eficiência. “Dormir pouco pode causar aumento de peso e estresse e ainda elevar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e hipertensão e outras doenças”, afirmou.O especialista dá dicas para evitar alimentos gordurosos, café, estimulantes (bebidas energéticas) e automedicação. “Alimentos que contêm uma substância química chamada tiramina – como bacon, queijo, nozes e vinho tinto – podem nos manter acordados durante a noite. Isto acontece porque a tiramina provoca a liberação de noradrenalina, um estimulante cerebral”, explica. Morgadinho reforça que os estimulantes oferecem sobrecarga cardiovascular e alerta para o uso de medicamentos incorretos.

Outro fator preocupante com a falta de sono, de acordo com o médico, é que ela estimula o ganho de peso. “Dormir mal aumenta o apetite ao elevar os níveis de hormônios relacionados à fome”, afirmou.O médico comparou a privação do sono com os efeitos do álcool, pois ambos afetam o desempenho mental e físico da pessoa. “19 horas sem dormir, para um homem de 90 kg, corresponde a 6 copos de cerveja ou 3 copos de vinho; já 24 horas sem dormir gera efeitos equivalentes a 12 copos de cerveja ou 6 copos de vinho”, disse.Morgadinho também alertou sobre o trabalhador de turno. “O trabalhador noturno vive 10 anos menos que a população geral. Geralmente, não concilia os horários, tem necessidade de utilizar o tempo livre para se recuperar do desgaste do trabalho e tem a vida familiar e social prejudicada. O sono é fundamental para o bem-estar e qualidade de vida. 92% dos acidentes são causados por falha humana. É essencial que um trabalhador seguro reconheça seu relógio biológico e reconheça os efeitos do cansaço. A empresa precisa reconhecer a fadiga e o sono como fatores importantes do sistema de segurança dos funcionários”, relatou.

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