Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Além de deputados da oposição, a cúpula do Conselho de Ética também
estuda a possibilidade de pedir o afastamento preventivo do presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao Supremo Tribunal Federal (STF). A
decisão do presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), só
será tomada quando for aprovado o relatório prévio do deputado Fausto
Pinato (PRB-SP). Membros do Conselho de Ética levantaram a hipótese de
saída após os aliados do peemedebista manobrarem para adiar o início do
processo por quebra de decoro parlamentar. A ideia sugerida é que o
Supremo intervenha para garantir que não haja interferência no processo
legislativo e que a investigação terá seguimento. A proposta foi
rechaçada num primeiro momento por Araújo, mas qualquer conselheiro
poderá levantar a sugestão no colegiado. A interlocutores, Araújo
sinalizou que poderá acolher a sugestão vencida a fase da
admissibilidade do parecer preliminar. Os oposicionistas também devem
recorrer ao Judiciário. O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), já informou
que vai entrar com um mandado de segurança na próxima terça-feira, 24,
pedindo o afastamento de Cunha. As bancadas do DEM e do PSDB ainda vão
avaliar se vale a pena entrar com ação no STF, mas a judicialização do
processo não é consenso no próprio PPS. "A gente tem de pensar um pouco.
Toda vez que o STF fez uma intervenção na Câmara, foi beneficiando o
governo e contra as oposições", ponderou o presidente do PPS, deputado
Roberto Freire (SP). "O Eduardo Cunha começa a ser um empecilho ao
impeachment. A gente precisa levar isso em consideração. A nossa luta é
fora Cunha e fora Dilma", emendou. Na avaliação de Freire, se o STF
mantiver Cunha no cargo ou alegar que não pode se intrometer em assunto
de outro poder, vai fortalecer o peemedebista e a agenda do governo. Por
isso, o dirigente acredita que a mobilização de ontem contra Cunha foi
um avanço político e tornou irreversível a saída do peemedebista do
comando da Câmara. Assim, o caminho para derrotar o presidente da Casa,
diz Freire, é atuar fortalecendo os trabalhos do Conselho de Ética e
paralisando as atividades da Câmara enquanto o peemedebista estiver no
comando. Nesta linha, os oposicionistas vão discutir como arregimentar o
maior número de parlamentares para obstruir todas as sessões presididas
por Cunha. A estratégia, coordenada por PSDB, PSB, DEM, PPS, Rede
Sustentabilidade e PSOL, deu certo na sessão plenária desta quinta-feira
porque houve adesão de governistas, mas não há certeza de que haverá a
mesma mobilização. "Com 20 deputados não se obstrui nada na Casa",
lembrou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE). Não sabe, por exemplo, se
os petistas que engrossaram o coro de "fora Cunha" ontem estarão
dispostos a não votar matérias de interesse do governo. O vice-líder do
PT, Carlos Zarattini (SP), defendeu que o caso Eduardo Cunha fique
restrito ao Conselho de Ética e afirmou que os petistas estarão
presentes para julgar o processo no colegiado. Para Zarattini, a
oposição pretende obstruir as ações do governo com a desculpa de querer
derrubar o peemedebista. Ele afirmou que os petistas continuarão
participando das sessões plenárias para garantir a aprovação das
matérias de interesse do governo. "O PT faz o que é importante: tirar o
País da crise", declarou o petista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário