Da Bolívia estudante de Medicina que morava em Gandu envia texto ao 'WG na Mira'

Cursar uma faculdade e seguir uma carreira promissora é o sonho de muitas pessoas, principalmente dos jovens, os quais estão se preparando para a vida adulta e assim iniciam uma longa jornada, uma verdadeira batalha para concretizar suas metas. Mas nem sempre é fácil. Às vezes o caminho escolhido é mais àrduo, como é o caso de quem escolheu cursar medicina, curso mais concorrido nas universidades do país. É em virtude desse sonho, dessa vontade de seguir uma carreira linda e promissora que muitos estudantes brasileiros estão indo para países como Bolívia, Argentina e Uruguai, dentre outros aqui da américa do sul, onde há oportunidades maiores de ingressar em um curso de Medicina.

José Alexie Carlos Cruzado morou em Gandu e atualmente cursa medicina na Bolívia. Ele enviou para o nosso blog um texto contando sobre como é estudar medicina na Bolívia. COnfira o texto dele logo abaixo !

A presente publicação tem como objetivo abrir os olhos e a mente a respeito dos estudantes da área medica que estão no exterior seja este país a Bolívia, Argentina, Uruguai ou qualquer outro.

         Nos tempos atuais, existem diversas dúvidas a respeito de qual carreira profissional nos levará ao sucesso, no entanto é de conhecimento geral que a área da saúde vem crescendo cada vez mais a nível nacional e porque não dizer mundial. Por este motivo, é que em julho de 2007, depois de muito pensar e refletir optei por estudar Medicina. Mas aonde estudar? Prestar vestibular mais uma vez? Já tinha minha profissão. Seria eu capaz?

Capazes todos nós somos é só querermos. Querer é poder! Porém, o vestibular é muito concorrido para cursar medicina, então surgiu à oportunidade de ir a outro país especificamente a Bolívia. Seria um novo desafio, outra cultura, outras pessoas, outro idioma.

A medicina é uma Arte Milenar já exercida em 370 A.C. pelo então Grego Hipócrates que nos tempos atuais é considerado o “pai da medicina”. No entanto, para exercer esta arte é necessário muita dedicação e anos de estudo. A cada dia existem novos avanços na área medica, e que vem servindo como desafios aos que estão em seu meio. Afinal trabalhamos com Seres Humanos, e o que essas pessoas esperam dos profissionais da saúde? A melhor atenção, diagnóstico, tratamento e a cura de sua enfermidade.

Sabe-se que a Bolívia é um país pequeno comparado a imensidão do nosso Brasil, mas o ensino é de ótima qualidade, e isto foi confirmado por alguns deputados e pelo Cônsul do Brasil aqui na Bolívia. Quando aqui estiveram em 2008, a exemplo do Deputado baiano Claúdio Cajado, foram visitadas as faculdades de medicina como a Univalle, Upal e Udabol e conferiram a grade curricular e confirmaram que a carga horária de anatomia, aqui na Bolívia chega a ser maior que a do Brasil, assim concluíram que a Bolívia tem um bom ensino. E aqui ressalto que estive presente junto a eles em uma reunião que aconteceu no salão de convenções da Univalle. Mas então vem as duvidas, ficar longe da família, será que conseguimos? E quando eu me formar e voltar ao Brasil vou conseguir trabalhar? O conselho Regional de Medicina vai revalidar meu diploma? Complicado não?

Realmente à distância nos faz frear e reagir, mas quem tem uma meta, sonhos e desejos segue adiante. Quantas vezes, também, já não me vi pensando em desistir. No meu caso além do sonho de ser médico tenho quatro amores que Deus me deu e que me fazem seguir enfrente. Posso ter perdido algumas coisas em vir pra cá, mas estou ganhando na capacidade que Deus está me dando de ser o que sempre ansiei em ser. Tenho convicção que quem esta aqui é para estudar e conquistar a vitória. Facilidades existem e muitas, aqui e em qualquer parte do planeta. O ideal é que pensemos se realmente podemos ser homens sábios e estudar para valer. Ou se vale a pena nos enganarmos tirando uma nota 100 e com o passar dos anos ao nos graduarmos e indo exercer a profissão, nos deparamos com nosso cliente, paciente, e não sabermos como agir ou até dar um diagnóstico falso e levar este paciente ao óbito.

A palavra paciente literalmente já nos diz que “é aquele quem espera e com calma”, mas quando se trata de sua saúde e até de sua vida, ninguém tem paciência. Queremos resultados imediatos e concretos. Existe hoje na Bolívia cerca de 20 mil estudantes de medicina vindos do Brasil dos diversos estados e muitos outros estão espalhados entre as cidades de Cochabamba, Santa Cruz e La Paz. No entanto, a seleção quem fará será a vida, a experiência, o saber e principalmente no retorno ao Brasil, pois temos outra jornada para lutar, o tão famoso exame do CRM. Teremos que ser avaliados para ver se somos ou não capazes de exercermos a carreira médica, então ai não haverá mais a compra do seu registro, porque o Conselho Regional de Medicina é rígido. Aquele que estudou e se preparou durante seis anos sim, esse se sairá bem e obterá seu registro.

Na Bolívia existem sim ótimos profissionais ao contrario que a imprensa sensacionalista divulga, porém é um país pobre, aqui existem médicos que trabalham de taxista para suprir suas necessidades e incrementar um valor a mais em sua renda. A respeito da infelicidade da pessoa que foi pega com documentos falsos em Serrinha só temos a lamentar e ai esta a resposta aos que outrora compraram matérias ou acharam que a medicina é um jogo de facilidades e oportunidades. Tudo tem um retorno seja este positivo ou negativo. Temos sim que fazer a prova do CRM, mas sem medos. É estudar e demonstrar que nos capacitamos. Existem muitos amigos meus que se mostraram capazes e hoje vivem na legalidade e exercendo a profissão que escolheram e se formaram aqui na Bolívia.

Vale à pena estudar medicina na Bolívia? Ou em qualquer país estrangeiro?

Sim vale, porém a dica é ter a certeza se realmente é o que você quer. Tenho um tio Médico sempre me fala: Médico é Médico na China ou em qualquer parte do planeta, mas tem que ser bom profissional e poder dormir com a consciência tranqüila. Este sim será o verdadeiro estudante de medicina, aquele que lutou, caiu, levantou, persistiu e venceu.